Breve definição
Jogo de Papel, ou JP, é um jogo em que você e suas amigas, assumem os papéis de bonecas, assim como uma dubladora no estúdio, e cria narrativas conjuntamente. O progresso do JP se dá de acordo com as regras apresentadas aqui, de forma a diferenciá-lo do faz de conta, mas ainda dando asas a imaginação e ao improviso. Suas escolhas, e das demais jogadoras, determinam a direção que o jogo tomará.
JP é colaborativo e social, visando trabalho em equipe. Um JP típico une as suas participantes em um único grupo que se aventura como um time. No JP não tem ganhadoras ou perdedoras. Isso o torna bem diferente de outros jogos de tabuleiro, jogos de cartas, esportes, ou quaisquer outros tipos.
Existem várias formas de JP. A forma original, que apresento aqui, é conduzida através de conversa numa mesa (ou onde se sentir bem), enquanto que no Jogo de Papel Teatral, ou JPT, as jogadoras, devidamente fantasiadas de suas bonecas, executam fisicamente suas ações. Em ambas, há uma jogadora que será a mestra do jogo, ou mj, que decide as configurações a serem usadas, atuando como árbitra e intérprete das bonecas não jogadoras, ou bnj, enquanto cada jogadora desempenha o papel de uma boneca só.
Assim como vídeo jogos pegam as mecânicas de JP para sua jogabilidade, a forma Bonecagem Aleatória Sem Mestra, ou BASM, onde a mj é substituída por um gerador de possibilidades narrativas, quase sempre por meio de tabelas, chamado de oráculo. Pode-se jogar BASM no modo paciência (sozinho) ou cooperativo.
Breve História
O teatro de improviso europeu do século XVI e os jogos de guerra do século XVIII, convergiram para algo novo, onde o faz de conta tem regras. Esse novo passatempo teve muitas variantes do século XIX até culminar na publicação (por volta do 1º bimestre de 1974) de Dungeons & Dragons (Antros e Dragões), ou só D&D, de Dave Arneson e Gary Gygax, pela Tactical Studies Rules, ou TSR. Este se vendia como “Regras para Campanhas de Jogos de Guerra de Fantasia Medieval Jogáveis com Papel e Lápis e Figuras em Miniatura”, em sua caixa.
Quando outros resolveram comercializar suas obras, como Tunnels and Trolls (Túneis e Tróis), ou só T&T, de Ken St. Andre, publicado pela Flying Buffalo Inc., vulgo FBI, em junho de 1975 (2 meses após a publicação informal feita pelo autor), começaram os assédios extrajudiciais da TSR para com a FBI por vender T&T como “Semelhante em conceito a D&D”.
Na edição de maio de 1976 de seu boletim datilografado, Wargamer's Information (Informação dos Jogadores de Guerra), Rick Loomis, cabeça da FBI, soltou “jogo de papel”. A nomenclatura do foi abraçada por outras editoras, como a Avalon Hill, em seu periódico bimestral, General, em julho. A FBI formalizou a alcunha removendo as menções ao concorrente de suas obras e anunciando no catálogo Metagaming (Meta-jogatina), de 1º de agosto, como “Semelhante em conceito a outro jogo de papel de fantasia, Tunnels and Trolls tem a vantagem de um desenho mais simples e menos detalhe”.
Resumindo, dois séculos pra encontrar o amor, mais dois séculos de parto, mais dois anos pra decidir o nome e registrar em cartório o JP.
Houve outros JP na sequência, com várias temáticas diferentes do gênero de fantasia medieval proposto pelos já citados, mas a chave virou com o lançamento do Basic Role-Playing (Interpretação de Papéis Básica), de Greg Stafford e Lynn Willis, pela Chaosium, em 1980, num livreto independente dentro da caixa da 2ª edição de RuneQuest (Busca-Rúnica).
Um sistema de JP abrangente faz muito mais sentido que criar uma regra pra cada gênero literário conhecido ou vindouro. Imbuídos dessa obviedade, vieram:
- Generic Universal Role-Playing System (Sistema Universal Genérico de Interpretação de Papéis), vulgo GURPS (SUGIP), de Steve Jackson, em 1986, que misturou seu The Fantasy Trip (A Excursão de Fantasia), lançado pela Metagaming Concepts em 1977, com a flexibilidade da criação de boneca do Champions (Campeões), de 1981, da Hero Games;
- Hero System (Sistema Herói), que a Hero Games lançou só em 1989 como produto singular;
- Freeform Universal Donated Gaming Engine (Motor de Jogo Doado Universal de Forma-livre), ou Fudge (Doce-de-leite sólido), de 1992;
- Masterbook (Livro-mestre), de 1994;
- Manual Defensores de Tóquio 3ª edição, ou 3D&T, de Marcelo Cassaro, de março de 2000;
- Zip, de Paulo Micchi, de 2000;
- Fate (Fado), Tri-Stat (Tri-Estatística) dX, Unisystem (Unisistema), End All Be All (Findar Tudo Ser Tudo), ou EABA, e Savage Worlds (Mundos Selvagens), todos de 2003;
- Observadores Perdidos Em Realidades Alternativas, ou OPERA, de Léo Andrade e Roj Ventura, de 2004;
- Calisto, de Tiago Junges, de 2009;
- 50-50, de Cezar Capacle, de 12 de julho de 2017;
- Universo D1, ou UD1, de Luiz Claudio Gonçalves, 24 de abril de 2018;
- Sistema Mantiz, de Markes Walles Cordeiro, de 2018;
- Base3, de Ivan Coluchi, de 2020;
- Sistema CAVD6RPG, de Cao Zác, de 2021;
- ASaCINCO, de Daniel Capua, de 2021;
- Sistema Camaleão, de Bruno Torres, de 15 de março de 2022;
- Sistema 3DX, de Victor Ballogh, de janeiro de 2023.
Breve apresentação
Então chegamos aqui, noutro sistema de JP que se propões abrangente, como os 10 estadunidenses e 12 brasileiros anteriores. Como diz MC Marcinho, “nem melhor nem pior, apenas diferente”.
Com a BALA tu pode criar tua boneca, com tuas amigas pra, seja buscar um tesouro, no antro próximo a vila, que ninguém voltou pra contar se achou ou não; seja ajudar Dama Maria a derrotar o xerife de Nótingã; seja desbravar os 7 mares derrotando os vendidos corsários pelo caminho; seja desvendar mistérios sinistros na Bela Época; seja desbaratar a grande burguesia que domina a cidade futurista de Trambolhão; seja o espaço, a fronteira final, audaciosamente indo onde nenhuma mulher jamais esteve! Só depende da criatividade dentro do quengo.
Boa Xicão!
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